O grande dilema pós-Covid.
Teresa Salvado
Jornalista
“As aventuras de uma jornalista no mundo da comunicação e do marketing”
Em casa ou no escritório? O grande dilema pós-Covid.
As questões ligadas ao teletrabalho não são de hoje. O trabalho remoto era já amplamente debatido, mas não completamente implementado com sucesso.
A primeira vaga pandémica do Covid-19 veio repor o tema em cima da mesa de debate, ao empurrar para casa milhões de pessoas em todo o mundo.
A primeira pandemia da Era da Internet e uma geração de jovens que vêem o mercado de trabalho com outros olhos veio transformar o trabalho remoto numa tendência, digamos que até em algo um pouco trendy e sexy.
E a realidade é que, apesar de muitos gestores quererem continuar a manter os seus colaboradores debaixo de olho achando que eles em casa não produzem o mesmo, quem trabalhou a partir de casa deu muito mais horas à empresa do que quando estava no escritório.
Segundo centro de investigação norte-americano National Bureau of Economic Research, por exemplo, o dia de trabalho estendeu-se, em média, por mais 48,5 minutos nas semanas a seguir ao confinamento e o número de reuniões aumentou 13%. Resgistou-se, ainda, um aumento significativo de emails internos e do tempo despendido em reuniões.
Em Portugal, segundo dados divulgados pelo INE – Instituto Nacional de Estatísticas, o número de teletrabalhadores cresceu 23,1% no segundo trimestre deste ano.
Vamos a números mais concretos: o número de trabalhadores a partir de casa já vinha a aumentar nos últimos anos, principalmente na zona norte do país. De acordo com dados do INE, divulgados no final do ano passado, em apenas quatro anos, este indicador aumentou mais de 70% para um total de 120.000 trabalhadores. No segundo trimestre de 2015 eram 68.300 os portugueses que trabalhavam a partir de casa.
Segundo o mais recente estudo sobre “Remote Work em Portugal”, apresentado pela JLL, cerca de 95% dos inquiridos gostaria de continuar a trabalhar a partir de casa depois da pandemia.
O trabalho a partir de casa trouxe aos portugueses (e não só) algo que, nos dias de hoje, vale ouro: TEMPO.
A grande maioria dos portugueses (e não só) ganhou TEMPO nas deslocações entre casa e o local de trabalho, ganhou TEMPO ao ver o seu trabalho ser menos vezes interrompido, ganhou TEMPO ao poder flexibilizar as suas agendas e ganhou TEMPO para si e para a família.
E depois há toda uma geração de Millenials (ou qualquer outro carimbo que lhes queiram colocar), que apostam muito mais em si enquanto indivíduos, para quem o teletrabalho é muito bem visto e faz todo o sentido.
Portanto, em casa ou no escritório?
No meu caso pessoal, e apesar de estar longe de ser uma Millenial, o Home Office resultou bastante bem. O meu tempo mais que duplicou.
Mas para que tal aconteça é preciso uma organização rigorosa dos diferentes tempos. No entanto, lá está, cada um organiza-se consoante as suas prioridades e lógicas mentais. Só assim pode funcionar. E sim, passa a haver tempo para, quase, tudo.
Se o trabalho fora do escritório é uma tendência? Claro que sim, não restam dúvidas.
Se em Portugal a maioria dos empresários e chefias estão preparados para dar este passo? Infelizmente, não. Porquê? Porque não confiam nos seus colaboradores.
Para que este passa seja dado, e esta tendência se torne numa realidade, a primeira questão a debater gira em torno de uma simples palavra: CONFIANÇA!!